segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Lendas de Segunda - SAM

Retirado do Livro: “Lendas em Nheengatu e Portuguez”, Antonio Brandão Amorim. Adaptação em Português por Iran Nery.

Em outros tempos, contam, Uansken estava conosco ainda sobre a terra.
Não fizemos mais, contam, coisas boas diante dos seus olhos, por isso ele subiu para o céu.
Em seu lugar deixou conosco, para nos vigiar, um moço que se chamava Sam. Sam, contam, era seu filho.
Durante todo o dia, contam, ele aconselhava as pessoas para não fazerem coisas ruins, mas não o ouviam. Assim contam, foi passando o tempo.
Um dia, Sam sumiu do meio das pessoas e seguiu rumo a cabeceira do rio. Dali voltou, deitando fogo por todo o mato. Depois desceu para a foz do rio.
O fogo, contam, vinha depressa, a gente começou a fugir da água grande. Sam quando viu já perto o fogo, fechou a foz do rio, o rio transbordou.
Para as serras, contam, todos fugiram. Gente, onça, cobra, taiaçu, tapir, caba, tudo que estava em cima da terra. Ali se juntaram todos. As pessoas brigavam, animal, caba, cobra ali foram morrendo.
Só a Serra do Mana não foi ao fundo, é a mesma, contam, aonde ainda hoje em dia está a madeira grande que nela se encostou.
Ninguém sabe depois de quantas luas a terra secou por inteira. Só ficaram, contam, algumas pessoas para contar outras novas como Sam fez na terra. Depois, contam, Uansken tornou a aparecer na terra, ralhou Sam por matar toda a gente, depois mandou-o para o tronco do céu, ali ele está.
Uansken tornou a concertar a terra, disse, contam, à Itá Mira para contar aos outros que aparecessem por que tinha ardido o mundo.
Agora, contam, a terra não vai mais para o fundo por que Uansken já marcou por onde chegar a água. Assim já foi, contam, para sumirem de cima da terra alguns animais ruins.
Quanto ao Curupira, contam, lugar da festa das pessoas, antes da terra ir ao fundo, ficava por trás da Cachoeira do Caruru. Estes cauassus antes da terra ir ao fundo era mata, hoje em dia areia, campina, a gente encontra por toda parte, porque foi carregada pelo rio e por ali ficou, por onde todo mato não cresce.
As pedras tem iraity que correu nelas do fogo. Assim os antigos contam.
A gente que ficou, contam, foi a Gente de Itá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário