sexta-feira, 23 de abril de 2010

Adolescência Moderna

Não somente eu, mas a maioria das pessoas tem percebido que nossos adolescentes não são mais os mesmos, nem nossas crianças. Surgem modas e mais modas, surgem tribos novas e a gente escuta o tão famoso “nada haver”.

Com certeza, nem eu, nem ninguém pode negar que a informação, hoje, chega muito mais rápido e de uma forma não filtrada. As crianças já sabem o significado de beijar, mesmo sem fazer isso (infelizmente, algumas já fazem). Hoje virgindade é coisa do passado, dos “tempos da vovó”.

Não sou tão velha assim, estou no auge dos meus 24 anos, mas dá para perceber o quão diferente são os adolescentes de minha geração e da geração de agora.

Quando adolescente, adorava (tá, ainda adoro) usar pulseirinhas coloridas. E, na minha época, pulseiras coloridas só eram pulseiras coloridas. Hoje são as “pulseiras do sexo”.

Proibiram a venda e adivinhem: eu usava um amarrador de cabelo (ainda uso, estilo fio de telefone) e que agora é a nova “pulseira do sexo”.

Onde isso vai parar?

De quem é a culpa?

Em minha opinião, a culpa começa com os pais!

Depois a gente põe a culpa nos coleguinhas, nos professores, no escambal, mas a educação começa em casa.

Tá, eu ainda não tenho filhos, mas sou professora de adolescentes, ajudo na criação de uma garotinha linda, Camilinha, e tento ajudar na criação de meus primos mais novos.

Tenho percebido algumas situações. Vamos começar da infância.

Criança tem que brincar, mas também tem que ajudar em casa, ajudar a mamãe e o papai quando eles precisarem. Isso sei que ninguém discorda. Agora vamos ao ponto chave: as crianças têm, por curiosidade inocente, mania de imitar adultos. Somos os espelhos da criança.

Querem calçar os sapatos, vestir as roupas dos pais, usar o “oclão” do pai. Até aí nenhum problema. Agora imagine a seguinte situação:

Se eu vejo o menininho dando selinho na menininha ou pegando nela de forma que eu sei que não é certo e não falo nada, estou sendo conivente com aquilo e estragando a pureza de ser criança. Temos que chamar atenção e não rir. “Ah, são apenas crianças”. São crianças, mas que um dia entenderão o significado e, acredite, entenderão bem cedo.

Se não incentivarmos as crianças a brincar, a estudar, a fazer coisas de crianças, elas tenderão a fazer as coisas erradas.

Sei que, hoje em dia, as crianças estão cada vez mais independentes. Porém, somos nós que damos o freio; somos nós que dizemos até onde elas podem ir.

Lembro-me quando a Camila começou a estudar e, um dia, ela me contou uma experiência que ela vivida na alfabetização.

Segundo ela, haviam dois coleguinhas que queriam brincar de namorar com ela e outra coleguinha, e ela falou que era pra eles pararem com isso porque eles eram crianças e não tinham idade pra namorar nem brincando.

Fiquei muito feliz com isso. Uma garotinha de então cinco anos (na época) ter esse tipo de atitude. Mas é devido ela ser criança, em todos os sentidos.

Vamos aos adolescentes agora!

Ô época difícil. Tudo começa a acontecer. As meninas ficam “mocinhas”, começam a se desenvolver, menstruam. Bate a sensação: “deixei de ser criança e não posso brincar mais de boneca”. Nos meninos começam a nascer os fiozinhos, mas que, com orgulho, chamam de barba; a voz começa a engrossar e pronto: chega de brincar de carrinho.

Tudo muda. Não há quem diga que não. Mas, conscientemente muda. Porém, isso significa que já são adultos? Não!

Se bem que todo adolescente se acha o mais sábio, o maduro “da parada”. Pena que a gente só pode comprovar que a coisa não é bem assim quando crescemos, quando tomamos responsabilidades para nós.

O número de adolescentes virgens é bem inferior ao que víamos há alguns anos. Nesta semana ouvi uma frase mais ou menos assim: “Enquanto os adolescentes fazem amor, a gente coleciona figurinhas”. Não lembro de quem foi, mas mexeu com as ideias. Os adolescentes estão tão afoitos em amadurecer que só pensam nisso, mas não sabem sequer a gravidade de seus atos. Pensam que sabem, têm as respostas para tudo, mas quando a coisa ocorre (ou gravidez, ou doença) recorrem aos pais, aos mais velhos, como criancinhas inocentes.

A maioria não tem respeito pelos pais, pelos mais velhos. É como se achassem que estão no mesmo nível, que nada pode atingi-los.

Mas, apesar de tudo isso, tem até uma característica muito boa com o que rola hoje. Os adolescentes que se utilizam das informações rápidas e de avanços tecnológicos frenéticos para fazerem algo por eles próprios são, geralmente, adultos promissores.

A informação é uma arma, a arma desta guerra moderna. Mas, como toda guerra, existem dois lados – o bem e o mal –, aí escolher o lado é que é a coisa.

O problema está no que os outros vão pensar se eu fizer ou se eu não fizer aquilo.

“Se eu me comportar desse jeito estarei perdendo minha moral.”

Quando paramos de ligar para o que os outros vão pensar e passamos a agir de forma consciente, damos um passo importante na tão chamada maturidade. Quando conseguimos dominar sentimentos, emoções e ações, dominamos a nós mesmos completamente.

Porém, comportamentos são como opiniões: podem ser mudados e moldados.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Assaltos x Continuar a Viver

Este post foi escrito às 02:44 da manhã do dia 05 de abril de 2010. Parte deste post é de um sonho (ou seria pesadelo?) que acabei de ter.

Bom dia, se bem que, para mim, a esta hora que estou escrevendo este post não é bom dia ainda e espero fielmente que isso mude.

Não consigo dormir por simplesmente estar pensando muito em uma coisa, para que vocês entendam, vou lhes contar o que ocorreu.

Este ano, para ser mais exata, no dia 14 de Janeiro de 2010, eu, Nathaly Leite, fui assaltada perto de minha antiga casa, o ladrão estava armado e ele levou meu celular, foi uma situação muito assustadora para mim, nunca havia tido uma arma apontada pra mim. Cheguei em casa, chorei muito e confesso que fiquei com muito medo de passar por aquela rua novamente e pra falar a verdade, nunca mais passei por lá sozinha novamente depois das 18hrs.

Na semana, dia 30 de Março de 2010, já perto da nova casa onde atualmente moro, quase fui assaltada. Era um motoqueiro que usava uma farda de “moto-táxi” e um cara, mas o assalto não teve um fim pior pra mim porque gritei e havia movimento na rua, meus vizinhos vieram correndo e alguns carros pararam e os caras partiram depressa na moto. Lembro-me que minha pressão baixou tão rápida a ponto de eu tremer a todo instante. Pode ser que eles não tenham conseguido levar nada de material de mim, mas fizeram o suficiente para levarem minha coragem e me deixarem com um medo que espero que passe.

Percebi o quão é o tamanho do medo que eu estou sentindo em relação a assaltos. Ontem, ao retornar da casa de meu namorado, por volta das 16hrs, peguei um ônibus que paravam em dois terminais (T3 e T2, respectivamente). Eu poderia ter descido no T3 e ter pegado um ônibus que chegaria mais rápido, mas precisaria andar cerca de 15 minutos até chegar em casa. Ele perguntou se eu não desceria, falei que não, que iria fazer outro caminho e ele fez o comentário: “é muito longe”. Não quis responder que era pelo meu medo, achei que, como muitos outros, ele fosse achar leseira o meu comportamento. Prosseguimos com a viagem, desci no T2, peguei um ônibus que me levou até o T5, de lá, minha prima me ligou para que eu passasse na casa dela. Como esta mora próximo a Grande Circular resolvi que iria andando do T5 até lá. Quem mora em Manaus sabe que a Grande Circular é uma via movimentada, mesmo em um domingo, mas ontem, por algumas lojas estarem fechadas fiquei com medo de descer, no caminho vi que mais à frente haviam três jovens conversando (dois rapazes e uma moça), fiquei parada até que estes atravessassem a rua (cerca de 10 minutos), eu tinha a impressão que assim que eu passasse ao lado deles, eles iriam me roubar. Eles atravessaram e eu continuei minha caminhada, depois de andar mais um pouco, levei um susto com um senhor que me entregou um “Jornal da Fé”, ele me abordou por trás, quando olhei nos olhos dele, ele parecia ser manso e ainda me deu um sorriso, retribuí ao sorriso e fiquei pensando comigo mesma, como poderia ter tido medo daquele senhor. Continuando minha caminhada, vi que um jovem moreno, com cabelinho de água oxigenada atravessava a rua e eu pensei “pronto, ele está vindo em minha direção”. Comecei a reparar nele, ele estava usando calça comprida, tênis, camiseta e possuía a chave de um carro na mão, fui diminuindo meus passos e ele passou por mim e nem mexeu. Depois dessa, peguei um táxi e fui pra minha casa, não consegui ir à casa de minha prima.

Cheguei em casa, resolvi dar uma volta no meu bairro pra ver se a sensação de medo passaria, pelo visto, parece que piorei uma situação (ou não). Passeei por toda a quadra de minha casa, as ruas do conjunto são realmente muito desertas, cada vez que vinha um carro ou alguém, ficava com medo, até que um desses “alguéns” era uma senhora e ela me cumprimentou com um “Boa Tarde”. Fiquei mais tranqüila e voltei meus pensamentos ao que eu estava fazendo. Fui pra casa, fiquei um pouco na net e depois minha mãe pediu que eu fosse comprar refrigerante, pressão baixou, fui ao portão e vi que minha cachorra olhava frenética para fora e quando eu abri o cadeado ela começou a chorar e eu “Ah será que a Latifa está prevendo alguma coisa?”. Fiz menção que ia abrir o portão e ela começou a chorar mais alto, aí que o medo subiu, depois abri com tudo e deixei aberto até eu conseguir sair, sei que corri o risco de ter deixado minha cachorra (uma dog alemão), mas eu queria ter certeza de que não tinha ninguém, fui até o meio da rua, chamei a Latifa, olhei para os dois lados, não havia ninguém, fechei o portão e fui rumo ao mercado, voltei em paz e salva para minha casa.

Depois, tentei reconectar, mas não tive sucesso, liguei pra duas amigas, contei alguns de meus causos e depois fui dormir. Meu pensamento estava direcionado pra outra coisa, mas como os sonhos são frutos de nosso subconsciente, tive o sonho abaixo:

Sonho

Sonhei que estava passeando com minha irmã em um lugar que me fazia lembrar o “passeio” da Ponta Negra, havia chegado a hora de irmos pra casa, mas pra isso, teríamos que passar por um lugar escuro, para que pudéssemos pegar o ônibus, analisando, haviam dois caminhos, um mais claro e outro mais escuro, não sei o motivo, mas só poderíamos pegar aquele escuro. No sonho segurei na mão dela e fomos, nessa hora apareceu uma menina querendo nos roubar e pedi pra minha irmã sair correndo, eu peguei uma pedra acertei na suposta ladra e corri em direção à minha irmã. Depois vi que tinha um cara e que a pegou, avistei um violão e o quebrei na cabeça do cara. Fomos pra parada de ônibus e explicamos a algumas pessoas o que havia ocorrido, pareceu que ficamos horas ali.

Minutos depois reconheço o suposto ladrão e a ladra. Eles pararam e vieram falar comigo, perguntei a idade deles, ela tinha 16 e ele 18, falei que ele já poderia ser preso. Mas comecei a conversar com os dois, ainda mais, porque no sonho, me lembrei que eles estavam na faixa etária de meus alunos. A menina me falou que ela se prostituía por culpa do marido dela e o menino que ele assaltava porque ele não conseguir ficar na escola estudando. Bem a conversa durou muito tempo, depois eu, minha irmã e o resto do povo que estava na parada, com exceção dos dois pegamos o ônibus e fomos pra casa.

Acordei assustada e inquieta, não consegui mais dormir, o que incentivou a criação do post de hoje. Agora já acordada, e com meus pensamentos mais “pé no chão”, me pus a analisar o quanto estou deixando isso interferir em minha vida. Não quero isso pra mim, mas sentir-me segura é um passo que ainda não consigo dar, espero fazer o máximo pra sair dessa situação. Mas eu não quero simplesmente aceitar, não quero ser uma “assaltada profissional”. Quero fazer valer meu papel como jovem, com mulher, como professora, como cidadã na sociedade. Vou tentar me envolver em algum projeto social pra ver se isso me ajuda, não gosto de andar com medo em meu próprio bairro, não quero mais ter que perder meu sono ou ficar paranóica com um barulho incomum. Quero viver em paz e prosseguir em paz.

O sonho me fez ver que ali poderia ser um dos meus alunos e que o meu papel como educadora é muito importante, pode decidir o futuro deles. Por mais raiva que eu senti do cara que me assaltou e do que tentou me assaltar, sei que não posso continuar nessa. Que preciso ultrapassar isso, queria comandar mais meu psicológico quanto a isso, é fácil pro expectador, mas pra mim, até a presente data está bem difícil.

Ps: Ao final deste post, fiquei mais tranqüila a ponto de escrever. Esse dia será um bom dia, voltarei a dormir.