sábado, 25 de dezembro de 2010

Ê Natal

Natal pra mim é uma data especial, mas me dá um desgosto ao ver que a hipocrisia impera neste período. Ver pessoas se abraçando porque é natal é tão triste, porque no outro dia voltam a ser o que eram.
Mas ainda há sua parcela de alegria, Natal significa esperança, luz, amor VERDADEIRO. A parcela de religiosidade no natal, a meu ver, é tão irrisório. A fé tem que estar presentes em todos os momentos e sem um dia específico pra “renova-la”, que esta seja renovada sempre que o possível, pois sem fé (seja no que for) o homem não vive.
Confesso que no decorrer desta semana algumas coisas me fizeram chorar (de tristeza), muitas coisas me fizeram sorrir, foi uma variável de sentimento constante. Fiquei pensando onde passar, com quem passar. Apesar de vários convites, eu sabia que teria que estar com quem me ama muito e que faria qualquer coisa para me fazer feliz.
Chegou o grande dia, a véspera, de manhã senti um aperto no coração porque eu sabia que se eu deixasse de ir pra três lugares específicos alguém ficaria triste pela minha ausência. Pela parte da tarde fui almoçar com o Iran, gostei da companhia (como sempre), depois fui pra casa.
Gostei da solução que meu irmão havia dado sobre onde passar o natal, pois eu conseguiria estar nos três lugares. J
Arrumamos as coisas da ceia, levamos para a casa de minha tia e daí começamos nossa Odisséia...
Do São Francisco à Nova Cidade é chão ein!
Não era um dos três lugares para eu ir, mas mesmo assim fomos visitar uns amigos da minha cunhada, não ficamos muito tempo e eu não conheci ninguém, fiquei na minha. Natal não é uma boa data para se conhecer pessoas, não gosto de dar “feliz natal” por mera educação.
Do Nova Cidade ao Rio Piorini
Não é tão longe, considerando como ponto de referência o lugar onde estávamos. Este sim era um dos três lugares onde eu deveria passar o natal. Ia estar perto de minha família, cheguei e meu primo veio correndo pra me abraçar. Legal como essas coisas de família se mantém, amor, fraternidade, é a melhor instituição que existe!
Adorei o abraço de meu primo, abracei meus tios e por último, minha avó Bibi, sim, este é o apelido dela, sempre a chamamos assim, não sei o porquê.
Minha avó sofre de mal de Alzheimer há quatro anos, sei que ela não lembra mais da gente, mas a gente lembra dela, por isso queria estar ali.
Quando a vovó estava bem, ela era a primeira a sair dançando, enquanto os netos dela (42 ao todo, fora bisnetos) ficavam todos com vergonha.
Não me lembro dela conversando sobre problemas, mas ela sempre falava: “vai melhorar”, “é pra frente que se anda”...
Ontem fiquei triste pelo estado dela, toda vez eu fico triste, mas ontem foi a primeira festa em família, em quatro anos, em que não a vi derramar uma lágrima. Fui conversar com meus tios, abraçar mais primos, minha família é grande!
Mas a melhor coisa veio no final, na hora de beijar a minha vó, dei “tchau” pra ela e ela me respondeu com outro “tchau”. Pode parecer leseira, mas aquilo foi a coisa mais fantástica pra mim, deu vontade de chorar, nunca mais tinha ouvido a voz de minha avó, a emoção foi grande, eu queria chorar, mas se eu chorasse ninguém iria entender. Voltei o caminho totalmente calada, chorando por dentro, mas de felicidade, fui honrada ao poder ouvir a voz dela.
Do Rio Piorini ao São Francisco
Conseguimos chegar antes da meia-noite, eu ainda estava em transe pelo fato ocorrido mais cedo, mas foi bem legal, ceiamos, nos abraçamos, o filho do meu primo, que tem três anos, não estava entendendo o que era aquilo. Minha tia, mãe e primos começaram a dançar e eu fiquei na minha tentando entender algumas coisas e esperando a hora passar.
Do São Francisco ao Juruá
Hora passou, Iran chegou pra me pegar e fui passar o natal com meu amor. Chegamos, conversamos, dançamos com as músicas das festas dos vizinhos, tomamos uma coca, depois uma cerva e fomos dormir.

Foi o melhor natal que tive, não por causa de artefatos, enfeites ou presentes. Mas pelo sentimentos que tomaram conta de mim.

Feliz Natal!



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