sábado, 4 de dezembro de 2010

Admirável Mundo Novo



Esses dias andei lendo um livro que já conhecia por nome e tinha muita vontade de ler, o livro é o Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Gostei tanto que decidi pedir um espacinho aqui no Blog da Nathaly para comentar a respeito.
O livro foi publicado em 1932 e narra a história de uma fictícia sociedade futurista, onde conceitos e costumes que outrora a humanidade já teve não existem mais e sequer são comentados.
Ideias sobre família, sentimento, espiritualidade, velhice tornaram-se ultrapassadas. A forma de vida das pessoas é predeterminada no momento do seu “nascimento”, processo concebido apenas através da reprodução feita por laboratório. O ato sexual é uma prática comum e recomendável a todas as pessoas, inclusive crianças já eram condicionadas a praticar como forma de exercício e entretenimento. A fidelidade é algo desconhecido, não existem “esposas/esposos”, “namorados/namoradas” e nem “pais/mães”. Todos tem o livre arbítrio para escolher com quem querem se relacionar.
As pessoas são divididas por castas, sendo as castas inferiores formadas através de um método de reprodução chamado Processo Bokanovsky, noventa e seis gêmeos idênticos retirados de um só ovo (detalhe: isso ele criou em 1932, seria isso clonagem?). Os formados por meio do Processo Bokanovsky eram designados a realizar trabalhos de baixa complexidade com pouco exercício mental e muita atividade física. Os pertencentes às castas superiores eram gerados de forma individual, mas também condicionados a manter um tipo de vida predeterminada as suas atribuições, conhecimentos e limitação.
Não existem deuses e nem religião.
De certa forma, com todo o controle feito por intermédio de um sistema, essa sociedade vive de forma organizada e pacífica e uma droga chamada Soma é responsável por manter os pensamentos das pessoas nos eixos. [Trecho do livro]: “Não há civilização sem estabilidade social, não há estabilidade social sem estabilidade individual”.
[Trecho do livro]: “... As pessoas são felizes, tem o que desejam e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se bem, estão em segurança, nunca adoecem e não tem medo da morte; vivem na ditosa ignorância da paixão e da velhice, não se acham sobrecarregadas de pais e mães, não tem esposas, nem filhos e nem amantes... São condicionadas de tal modo que praticamente não podem deixar de se portar como devem.”
No começo do livro, estava achando exagero da parte do autor, mas refletindo melhor, percebi que a linha que divide essa ficção da nossa realidade está cada vez mais tênue. Muitos valores e comportamentos deixaram de ser ficção de um mundo futurista para se tornar uma expressão do modo vida atual.
Basta olhar ao redor, os avanços científicos (alimentos transgênicos, remédios cada vez mais comuns para o nosso dia a dia, a ovelha Dolly), a “aldeia global” que o planeta se tornou, os conflitos familiares que lemos nos jornais (o conceito de pai, mãe, filhos, casamento ainda são os mesmos?) A supremacia imposta pelas classes mais ricas. Parece que esse Mundo Novo já não é tão novo assim para a gente. Mesmo assim vai a saudação:
Sejam bem vindos senhores, ao Admirável Mundo Novo!
P.S: 27 anos depois, Aldous escreveu o "Regresso ao Admirável Mundo Novo" mostrando que algumas coisas que ele havia "profetizado" em Admirável Mundo Novo estavam prestes a ocorrer mesmo, assim que tiver a oportunidade eu o lerei também.

2 comentários:

  1. Nathaly, li e gostei desse livro também. Quando comecei a ler os grandes clássicos, comecei pelos que tinham títulos impressionantes e pelos que se tornaram filmes. Leis também:

    1984 – Livro escrito sobre uma sociedade completamente controlada pelas idéias de um único homem. O Mundo se divide em três blocos que são basicamente iguais, só se diferenciando por quem está no poder (e vive em guerra). Curiosidades: é de lá que tiraram o termo Big Brother, que é um sistema de controle por câmeras quase onipresente naquele mundo. O livro foi escrito em 1948, no pós-guerra, e o autor só modificou os últimos dois dígitos para batizar sua obra.

    Eu, Robô – História da História dos robôs num mundo aonde eles são comuns até demais e a inteligência virtual real já é um fato. Tudo é contado a partir da entrevista de uma mulher que conta “causos” da expansão humana no sistema solar auxiliada pelos robôs, cada vez mais complexos e capazes.

    Eu Sou A Lenda – História do último sobrevivente de uma praga de vampiros de destruiu a civilização e os cachorros! Diferente do filme, o cara não tem nem na companhia de um cão, nem é de alta patente, nem sequer manja de genética, uma vez que essa história rolou há quase cem anos! Os monstros aqui são mesmo vampiros (morrem com o sol, estacas no coração, essas coisas), mas parecem mais mortos-vivos porque são fisicamente debilitados pela doença.

    Atualmente estou lendo O Senhor das Moscas, que conta a história de meninos se criando sem a presença reguladora de adultos em uma ilha deserta. Diferentemente de Lagoa Azul, as tendência malignas dos seres humanos vêm à tona e os garotinhos se tornam monstros vis e sem coração rapidamente, dominados pelo mais cruel entre eles. A história é contada sob o ponto de vista de um menino que é tão revoltado que resolve se virar sem a ajuda do grupo, apresar de ser tão forte que poderia facilmente liderar a galera.

    Hum... acho que irei escrever sobre isso no www.sucupiras.blogspot.com

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  2. Obrigada pelo comentário, seria legal mesmo colocar no seu blog a percepção sobre um livro.
    O post foi escrito pelo Iran Nery, um ótimo post.

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