segunda-feira, 5 de abril de 2010

Assaltos x Continuar a Viver

Este post foi escrito às 02:44 da manhã do dia 05 de abril de 2010. Parte deste post é de um sonho (ou seria pesadelo?) que acabei de ter.

Bom dia, se bem que, para mim, a esta hora que estou escrevendo este post não é bom dia ainda e espero fielmente que isso mude.

Não consigo dormir por simplesmente estar pensando muito em uma coisa, para que vocês entendam, vou lhes contar o que ocorreu.

Este ano, para ser mais exata, no dia 14 de Janeiro de 2010, eu, Nathaly Leite, fui assaltada perto de minha antiga casa, o ladrão estava armado e ele levou meu celular, foi uma situação muito assustadora para mim, nunca havia tido uma arma apontada pra mim. Cheguei em casa, chorei muito e confesso que fiquei com muito medo de passar por aquela rua novamente e pra falar a verdade, nunca mais passei por lá sozinha novamente depois das 18hrs.

Na semana, dia 30 de Março de 2010, já perto da nova casa onde atualmente moro, quase fui assaltada. Era um motoqueiro que usava uma farda de “moto-táxi” e um cara, mas o assalto não teve um fim pior pra mim porque gritei e havia movimento na rua, meus vizinhos vieram correndo e alguns carros pararam e os caras partiram depressa na moto. Lembro-me que minha pressão baixou tão rápida a ponto de eu tremer a todo instante. Pode ser que eles não tenham conseguido levar nada de material de mim, mas fizeram o suficiente para levarem minha coragem e me deixarem com um medo que espero que passe.

Percebi o quão é o tamanho do medo que eu estou sentindo em relação a assaltos. Ontem, ao retornar da casa de meu namorado, por volta das 16hrs, peguei um ônibus que paravam em dois terminais (T3 e T2, respectivamente). Eu poderia ter descido no T3 e ter pegado um ônibus que chegaria mais rápido, mas precisaria andar cerca de 15 minutos até chegar em casa. Ele perguntou se eu não desceria, falei que não, que iria fazer outro caminho e ele fez o comentário: “é muito longe”. Não quis responder que era pelo meu medo, achei que, como muitos outros, ele fosse achar leseira o meu comportamento. Prosseguimos com a viagem, desci no T2, peguei um ônibus que me levou até o T5, de lá, minha prima me ligou para que eu passasse na casa dela. Como esta mora próximo a Grande Circular resolvi que iria andando do T5 até lá. Quem mora em Manaus sabe que a Grande Circular é uma via movimentada, mesmo em um domingo, mas ontem, por algumas lojas estarem fechadas fiquei com medo de descer, no caminho vi que mais à frente haviam três jovens conversando (dois rapazes e uma moça), fiquei parada até que estes atravessassem a rua (cerca de 10 minutos), eu tinha a impressão que assim que eu passasse ao lado deles, eles iriam me roubar. Eles atravessaram e eu continuei minha caminhada, depois de andar mais um pouco, levei um susto com um senhor que me entregou um “Jornal da Fé”, ele me abordou por trás, quando olhei nos olhos dele, ele parecia ser manso e ainda me deu um sorriso, retribuí ao sorriso e fiquei pensando comigo mesma, como poderia ter tido medo daquele senhor. Continuando minha caminhada, vi que um jovem moreno, com cabelinho de água oxigenada atravessava a rua e eu pensei “pronto, ele está vindo em minha direção”. Comecei a reparar nele, ele estava usando calça comprida, tênis, camiseta e possuía a chave de um carro na mão, fui diminuindo meus passos e ele passou por mim e nem mexeu. Depois dessa, peguei um táxi e fui pra minha casa, não consegui ir à casa de minha prima.

Cheguei em casa, resolvi dar uma volta no meu bairro pra ver se a sensação de medo passaria, pelo visto, parece que piorei uma situação (ou não). Passeei por toda a quadra de minha casa, as ruas do conjunto são realmente muito desertas, cada vez que vinha um carro ou alguém, ficava com medo, até que um desses “alguéns” era uma senhora e ela me cumprimentou com um “Boa Tarde”. Fiquei mais tranqüila e voltei meus pensamentos ao que eu estava fazendo. Fui pra casa, fiquei um pouco na net e depois minha mãe pediu que eu fosse comprar refrigerante, pressão baixou, fui ao portão e vi que minha cachorra olhava frenética para fora e quando eu abri o cadeado ela começou a chorar e eu “Ah será que a Latifa está prevendo alguma coisa?”. Fiz menção que ia abrir o portão e ela começou a chorar mais alto, aí que o medo subiu, depois abri com tudo e deixei aberto até eu conseguir sair, sei que corri o risco de ter deixado minha cachorra (uma dog alemão), mas eu queria ter certeza de que não tinha ninguém, fui até o meio da rua, chamei a Latifa, olhei para os dois lados, não havia ninguém, fechei o portão e fui rumo ao mercado, voltei em paz e salva para minha casa.

Depois, tentei reconectar, mas não tive sucesso, liguei pra duas amigas, contei alguns de meus causos e depois fui dormir. Meu pensamento estava direcionado pra outra coisa, mas como os sonhos são frutos de nosso subconsciente, tive o sonho abaixo:

Sonho

Sonhei que estava passeando com minha irmã em um lugar que me fazia lembrar o “passeio” da Ponta Negra, havia chegado a hora de irmos pra casa, mas pra isso, teríamos que passar por um lugar escuro, para que pudéssemos pegar o ônibus, analisando, haviam dois caminhos, um mais claro e outro mais escuro, não sei o motivo, mas só poderíamos pegar aquele escuro. No sonho segurei na mão dela e fomos, nessa hora apareceu uma menina querendo nos roubar e pedi pra minha irmã sair correndo, eu peguei uma pedra acertei na suposta ladra e corri em direção à minha irmã. Depois vi que tinha um cara e que a pegou, avistei um violão e o quebrei na cabeça do cara. Fomos pra parada de ônibus e explicamos a algumas pessoas o que havia ocorrido, pareceu que ficamos horas ali.

Minutos depois reconheço o suposto ladrão e a ladra. Eles pararam e vieram falar comigo, perguntei a idade deles, ela tinha 16 e ele 18, falei que ele já poderia ser preso. Mas comecei a conversar com os dois, ainda mais, porque no sonho, me lembrei que eles estavam na faixa etária de meus alunos. A menina me falou que ela se prostituía por culpa do marido dela e o menino que ele assaltava porque ele não conseguir ficar na escola estudando. Bem a conversa durou muito tempo, depois eu, minha irmã e o resto do povo que estava na parada, com exceção dos dois pegamos o ônibus e fomos pra casa.

Acordei assustada e inquieta, não consegui mais dormir, o que incentivou a criação do post de hoje. Agora já acordada, e com meus pensamentos mais “pé no chão”, me pus a analisar o quanto estou deixando isso interferir em minha vida. Não quero isso pra mim, mas sentir-me segura é um passo que ainda não consigo dar, espero fazer o máximo pra sair dessa situação. Mas eu não quero simplesmente aceitar, não quero ser uma “assaltada profissional”. Quero fazer valer meu papel como jovem, com mulher, como professora, como cidadã na sociedade. Vou tentar me envolver em algum projeto social pra ver se isso me ajuda, não gosto de andar com medo em meu próprio bairro, não quero mais ter que perder meu sono ou ficar paranóica com um barulho incomum. Quero viver em paz e prosseguir em paz.

O sonho me fez ver que ali poderia ser um dos meus alunos e que o meu papel como educadora é muito importante, pode decidir o futuro deles. Por mais raiva que eu senti do cara que me assaltou e do que tentou me assaltar, sei que não posso continuar nessa. Que preciso ultrapassar isso, queria comandar mais meu psicológico quanto a isso, é fácil pro expectador, mas pra mim, até a presente data está bem difícil.

Ps: Ao final deste post, fiquei mais tranqüila a ponto de escrever. Esse dia será um bom dia, voltarei a dormir.


3 comentários:

  1. É realmente frustrante ter esta sensação de estar prestes a ser assaltado todo o tempo. É triste constatar esta realidade.
    Uma coisa que me chamou atenção no seu post foi justamente a sua visão como educadora no incidente do assalto em seu sonho.
    São pouco os professores que se preocupam DE FATO com a educação de seu alunos. Educação inserida no contexto social, aquela educação que nossos pais nos dão.
    Sua iniciativa de procurar projetos sociais que têm como foco o tema supracitado também é destaque no seu texto.
    É raro encontrar alguém que sofre um assalto e se propõe a ajudar a erradicar esse problema.

    Parabéns pelo seu post.

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  2. Voce descreveu todo o sentimento de alguem que tambem ja foi assaltado e o sentimento que fica depois:

    A insegurança e o medo.

    Vamos rezar/orar para que esta situação mude. O que não podemos peder de formar alguma é nossa dignidade e nossa coragem.

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  3. Mana,
    realmente, é impossível não sentir medo e insegurança depois de passar por uma situação dessas, não é? Nos sentimos impotentes, percebemos que somos apenas um joguetezinho nas mãos do destino. Aí vem a insegurança, e com ela, o medo.
    Mas viver, querida, é um risco. Não é? E vamos deixar de viver por isso? Claro que não!
    Espero que você encontre em si mesma uma forma de superar esses sentimentozinhos ruins.
    Sinta-se abraçada!

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